TAPIOL

A verdadeira modernidade, o tapiol, o antececessor do termo ou marmita, consoante a época e o nível económico. Demasiado bonito para ser um tapiol. As ilustrações são soberbas e os dizeres nem se fala "Ferve um litro de água em 15 minutos", "É económica e dura-lhe eternamente". Julgo que seja pérola dos anos 1940 ou 1950. O tapiol, em si, é uma marmita pequena de alumínio, que, avaliar pela farta descrição, guarde a temperatura dos líquidos.

ADULTOS DOMESTICADOS

O que é que queres ser quando fores grande é uma das perguntas que as crianças mais vezes ouvem. Cada vez mais. A pressão pelo sucesso da espécie começa logo nos primeiros anos. Este jogo da Majora data dos anos de 1970 e é uma espécie de puzzle em que as crianças tinham de completar as peças que correspondiam a cada profissão. É engraçado perceber como a cada época há um modelo de profisão ideal e também os objectos que lhe são associados - exemplo: professora e régua, carpinteiro e serrote. Com excepção dos clássicos bombeiro, médico e professor as profissões variam. Hoje, temos o informático, marketeer e booker!

UM DÓ LI TÁ

Quem está livre, livre está! Piano inglês, marca Pixiano, vermelho, muito bonito. É uma "delícia". Penso que seja dos anos de 19450 ou 50, pelas cores e ilustração de dois meninos, com traços típicos da época. A madeira era também um material muito usado até essa data, depois ascendeu a lata e, principalmente, o plástico, que se propagou como um rastilho. Muito mais barato, leve e versátil, os brinquedos das décadas seguintes eram feitos a partir deste material, menos nobre, mas talvez mais democrático. Teríamos tido tantos brinquedos senão fosse o plástico?! O pianininho toca 20 memórias, para quem o quiser levar e cuidar dele.

TRIUNFO

Lata de bolachas da Triunfo, ainda com o autocolante original. Deseconheço a origem exacta, mas penso que seja dos anos de 1970. Parece ter influências orientais, no motivo, muito delicado e feminino, mas pode ser apenas um aspecto revivalista para a época. A Triunfo é uma das poucas marcas portuguesas que ainda subsiste num mundo globalizado. Há áreas em que a "invasão" de marcas globais é mais difícil, mas no sector alimentar e de produtos de higiene e limpeza, as multinacionais imperam, por razões"óbvias". Os produtos não são perecíveis, são fáceis de exportar e de transportar, bem como de produzir. Esta lata é óptima para cartas e outros recuerdos, pelo formato. Vendável por 5 memórias.

1X2 1X2 TOTOSORTE DIA 0 ANDA À RODA

O nascimento do totobola aconteceu com este anúncio, uma edição dos anos de 1970 de uma revista sobre futebol. É incrível a dimensão que o jogo tomou. Há pessoas que acreditam mais na sorte e no jogo do que na religião, política ou outra coisa qualquer. Uma crença num número, numa ideia, uma coisa. Uma visão inspiradora. Hoje ganho eu?

PONTO PÉ DE FLOR

O grande vício do tricot, numa embalagem dos anos 1970. Os lavores eram uma moda francesa, nestas alturas, em que tudo provinha do país da cidade luz. É interessante verificar o modo como as influências se movimentam. Já não somos um mundo que respira Brigitte Bardot, agora é a Oprah Winfrey, coadjuvada pela Kate Moss e pela Scarlet Jonhson. Como não sou tricotadeira, liberto este "Le Grand Tricot Express" a quem lhe dê mais uso que eu. 25 memórias, com o kit completo de agullhas. Não sei ao certo quantas são, mas cerca de 15 são de certeza.

de onde é que fala?

Brincadeira feita com uma caixinha de carimbos, com ilustrações dos anos 1940/50. O tema do conjunto é a comunicação. Os objectos são o jornal, um marco do correio, a televisão e o telefone. Mas,como sempre nestes conjuntos as proporções não são muito convencionais. O jornal é do tamanho do telefone, que é do tamanho de uma televisão, que é maior do que um homem. A relação que as pessoas tinham com os objectos era completamente diferente. Um jornal era o jornal, um selo o senhor selo, o telefone um mecanismo religioso. De cada vez que tocava, as pessoas atendiam como se o interlocutor estivesse do outro lado da rua: de onde é que fala? quem quer falar? como? e quem é o senhor?

TIPOGRAFIA PORTÁTIL II

Agora, o interior. Inspirem-se. Como já devem ter percebido, não é vendável. Não há memória que mo leve.

TIPOGRAFIA PORTÁTIL

Nos tempos que correm, um conjunto de luxo. Não sei se por baixa tiragem, se por falta de cuidado, estes exemplares são mais difíceis de encontrar do que uma agulha num palheiro. Se o analfabetismo impera, não é por falta de caracter! Devem estar guardados a sete chaves. Este conjunto, editado em Coimbra, tem um nome enigmático, uma embalagem lindíssima e um conteúdo precioso. Um achado delicado e pueril. Para usar, é preciso artes de magia. É um ritual como o do chá. Abrir a caixa, retirar a pinça, escolher as letras, compor a palavra na pensa, colocar tinta na almofada e imprimir. Este ritual repete-se por cada palavra, sem esquecer os enganos, até completar o texto. Assim, não merece a pena ser copista! Além disso, é preciso ter algo muito importante para dizer. Ou seja, é um exercício de depuração automática!

TRICOTADEIRAS SA

Para acalmar os nervos, inspirar-se, recordar a infância perdida ou para copiar os modelitos, este jogo é uma relíquia dos anos 70, editado pela Majora, uma das únicas casas portuguesas resistentes. Completo e excelente estado de conservação faz parte do imaginário das meninas que herdaram a memória pós-salazarista. Costura, moldes, agulhas e bordados eram a edução feminina nacional. 15 euros, com todas as memórias, envio em correio normal ou registado. Tricote esta oferta.

SEM MASCARAS

Uma das coisas que se extinguiu em Portugal foi o Carnaval tradicional. Depois da invasão fácil dos cariocas, com o samba, caipirinha e fio dental, os cortejos tradicionais, com os carros alegóricos, as referências satíricas e os personagens imaginados extinguiram-se. Tirando os exemplos com cheiro a Brasil - Loulé, Ovar e etc - os restantes carnavais são amostras. Agora, o Carnaval vê-te na têvê. Sobram os fantásticos caretos e outras referências ancestrais em Trás-os-Montes ou no Alentejo. Os melhores, de facto. Mas, chega de caipirinha à pressão. Venha a serpentina!

SABICHAO QUEM EU?!

O Sabichão era um dos jogos que mais nos deslumbrava com aquelas perguntas mágicas sobre a portugalidade - história, geografia, reis e rios. Na verdade, acho que era mais o ritual mágico de o boneco a girar em cima de um espelho. Este também não está à venda, nem o mapa que está por baixo. É um mapa mundo, dos anos 1940, chamado mapa Popular. Tem dedo do Salazar, na certa.

UMA ESTAMPA

O verdadeiro modelito nos anos 1970 eram os carimbos, que deslumbravam os "piquenos". São muito difíceis de encontrar, mas são lindos. Havia várias empresas a produzi-los, como a Majora, a Ágata ou outras marcas de materiais didácticos. Na maior parte dos casos desapareceram ao contrário dos jogos, que ainda se vão encontrando. Este modelito ultra-moderno veio da estampa da Ágata, uma casa portuense, mas não há memória que o compre. O alfabeto também não está à venda, mas é de outra colecção, sem marca. No caso do modelito, faz parte de uma coleção intitulada profissões, em que entram também o padeiro, o sapateiro, etc. Cenas da vida doméstica, mais uma vez. Andava tudo à volta disto - a economia, o país, os haveres, as tradições, tudo muito objectista e concreto.

O BENJAMIM

O carrinho dos bombeiros é, talvez, o produto mais desejado por todos os rapazes. Falta explicar a atracção fatal que quase todos sentem pela figura. Talvez seja o lado heróico que se imponha naturalmente, mas o que é certo é que o carrinho dos bombeiros exerce um fascínio especial. Este produto é originário dos anos 1950, sensivelmente, e é de uma perfeição absoluta. Todos os pormenos, como as cadeiras, as rodas, os vincos, estão representados. Destaque para as cores, sempre fortes, vivas e garridas. A cheirar a feira, mas sofisticada, pois estes produtos não eram para o bolso de qualquer um. 20 memórias, para os mais afortunados dos tempos que correm.

NOMES COM CALIGRAMAS

Um dos mais originais criadores do brinquedo Português, Coelho de Sousa, era na verdade "apenas" um armazenista, que encomendava produtos a outros fabricantes. Mas o engenho não lhe faltava, tratando-se de um empreendedor com sentido de negócio, mas também uma certa paixão por aquilo que fazia. Engenhos à parte, a sua maior criação foi, provavelmente, o logótipo que corresponde a um caligrama - um desenho de um coelho + "de Sousa". Como em todas as empressa, principalmente naquele tempo, o logótipo foi mudando, apenas porque sim, sem nenhuma razão "objectiva". A carrinha na imagem "vive" nos EUA, sendo pertenca de um provável coleccionador.

CLARINHA PINTA MAIS BRANCO

No tempo em que a publicidade fazia brindes memoráveis - um livrinho para colorir, uma oferta do sabão Clarim. Tinha direito a personagem e tudo, a Clarinha, o ídolo juvenil. Para aprender a cartilha bem cedo, o livro tem desenhos para colorir, sempre inspirados na Clarinha. Infelizmente a memória já lavou estes exemplares, por isso este não está à venda. É único, na minha memória, claro!

FATIMA MADE IN ITALY

Máquina fotográfica com imagens de criança, fabricada em Itália. Soa estranho, mas é assim. É como o Vinho do Porto na China ou a Lacoste em Guimarães. Conceitos descontextualizados. Neste caso, o mais incrível é que, para lém de ter várias imagens de Fátima no interior, também tem uma de uma igreja italiana. As imagens de Fátima também são sempre as mesmas: as do começo. Do começo dos pastorinhos meninos, do começo do Santuário, do começo da peregrinação, como se não existisse um depois. Máquina da marca "Nova", com imagens velhas, do Portugal que cabe em Fátima. Mde 7 cm de comprimento e 2 cm de largura. Tem 14 imagens, custa 10 memórias.

A PRINCEZA CONFIANÇA

Nestas embalagens, é fácil confiar. Concebidas para "Princezas", são de pó-talco e pó-de-arroz, como motivos delicados, floris e femininos. A Fábrica Confiança foi fundada em 1984, estes produtos parecem ser dos anos 30 ou 40. Não há memória que as compre, são produtos únicos, e inspiradores!

SEM VINCOS

Memórias sem vincos, nem dobras. Bonito ferro de engomar em folha de flandres. Fabrico nacional, numa recriação dos ferros da moda, à época. A carvão para aquecer o ritual doméstico. Enquanto faziam a comida, as mulheres preparavam a roupa para passar a ferro de seguida. Tudo muito poupadinho, pois até os banhos eram contados. Já a roupa lavava-se com sabão azul e branco. Os detergentes eram uma modernice, que ainda se passaeava pelos EUA e pouco mais. Um registo dos anos 50, em Portugal. 10 memórias para não deixar o passado a ferros.

ENTREGAS

Carrinha de mercadorias, também, de fabrico português dos anos 1940 ou 1950. Lembra as feiras e mercados, para onde as pessoas transportavam os seus haveres comercializáveis. Quem não se lembra de passear pela "província" e deparar-se com estes mercados municipais? Geralmente funcionam uma vez por semana e são a agitação da terra. Ruas desertas ficam intransictáveis. Compra-se de tudo: brinquedos, hortaliça, sementes, pão, calçado, roupa, animais domésticos e as emblemáticas farturas. Com a normalização europeia, perderam um pouco do seu pitoresco, mas continuam a ser locais únicos. Meta as recodações na camioneta. Embarque na viagem, carrinha 20 memórias.

NA PRAIA COMO NO CAMPO

Era uma vez uma menina que andava a brincar no campo, apareceu-lhe uma borboletinha, pequenina e amorosa, mas depois ela viu uma florzinha e eis senão quando esborrachou a borboletinha e apanhou ali mesmo a florzinha... tra lá lá... Nos tempo das meninas, prendadas, que iam a banhos a Cascais, a Espinho ou ainda à Torreira mostrar os seus baldinhos. Este pratinho é dessa época, dos anos 1940-50, quando as meninas cresciam em vagares, com os rendilhados e borbados. Sob o olhar atento de Salazar, o grão mestre do burgo. 10 memórias.

O PAI NATAL FUTURISTA

Todos sabemos que os portugueses são bons em invenções que ninguém conhece. Este Pai Natal é um desses casos. Antes de se ter falado no conceito 2 em 1, algures no recôndito de Ermesinde nascia um Pai Natal que corresponde a essa ideia. Se não vejamos: para além de ser um Pai natal é também um jogo do rapa. Sim, esse mesmo, como os piões. Basta rodar a parte de cima, e as "hélices" giram. Cada "hélice" tem uma inscrição de uma letra correspondente ao jogo do rapa: Rapa, Põe, Tira e Dá. 20 memórias.

NADA MARGINAL

Uma viagem cheia de estilo. Com esta "voiture" dos anos de 1950, pode-se passear sem receio pela marginal a caminho do bem frequentado Casino do Estoril, pelas praias da Granja, em Espinho, ou, quem sabe, pelos arredores de Moledo. Para os mais internacionais, há sempre a hipótese de uma deslocação à Côte d'Azur. Nós por cá, todos bem. "Voiture" dos anos de 1950, fabrico nacional. 15 memórias.

ESTE AUTOCARRO VAI PARA ONDE?

Este já não vai a sítio nenhum, porque é uma relíquia. Veio do passado e chegará ao futuro. Foi fabricado à volta dos anos 1940-50, com aproveitamentos de lata de conservas. As latas eram compradas em Matosinhos, na indústria conserveira, e depois levados para Ermesinde, onde eram criados. Na viagem davam um belo passeio de boi, o meio de transporte da época. 30 memórias.

JINGLE BELL

Um verdadeiro mimo. Dali não se lembraria de algo tão surreal estou certa. Um cão, dentro de um cestinho cor de rosa, atado com um laço azul e bolas de Natal, a condizer. O supremo kitsch. Mas, o melhor está no interior: meias de ligas cor da pele, em vidro transparente, tamanho 8 1/2. Desconheço fabricante, mas parece-me ser moda dos anos 80... 5 memórias para um prenda de natal original.

CENAS DA VIDA DOMESTICA

Mais um modelito que caracteriza o modo de vida de uma época. As senhoras eram "todas" domésticas ou tocavam piano e falavam francês. As outras eram revolucionárias (emigraram para França), por isso, não contam. Este ferro de engomar é também uma herança do período da chapa e foi reconvertido para o plástico. Alguns modelos eram criados simultaneamente em plástico e chapa, como o caso deste ferro de engomar, que tem a base em ferro e o resto em plástico. Digno de nota é a galinha, a alegria da madame, por certo. Engomar a olhar para a galinha é bastante mais animado do que olhar para a parede. (Não havia têvê). Também não está à venda. Memórias esgotadas...

SOS MEMORIA

Um modelo de todos os tempos. Esta furgoneta - nome que soa a anos 50, não sei porquê - já teve os seus dias de glória na época da chapa e foi reconvertida para o período do plástico. De fabrico nacional, é curioso verificar o adorno (autocolante) dos bombeiros, uma referência de todos os tempos. Porque será que os bombeiros, polícias e militares fascinam tanto as pessoas? Pela ordem, pelo mito do salvador, pelo poder? Infelizmente, não há memória que o compre. É único, e não vendável.

DÁ CÁ ESTA PALHINHA

Para as senhoras de bem, de tempos idos, esta mala devia ser a "loucura". Em forma de envelope, era o dois me um da época. Marcava o compasso da moda e assinalava a presença do mais-que-tudo, alugures no ultramar. A indústria escrivinhadeira deve ter sido bastante rentável. Toda a gente tinha um familiar na guerra. As cartas marcaram uma geração. Como seriam as relações sem o ultramar?! Mais próximas, mas menos intensas. Sem nostalgia. Sem traumas. Até quem não escrevia, rasurava emoções. Malinha em palhina, como nova, de fabricante desconhecido, 10 memórias.

SAIAM DA FRENTE

Eu sou muito rápido! Sou um moderno carro de corrida e estou habituado a correr por esse mundo fora, deslizando pelas melhores pistas. Fui criado nos anos 50, num país chamado Portugal, mas conheci fama e glória além-fronteiras. Desde então não paro de circular pelas pistas de coleccionadores internacionais. 15 memórias, com 3 memórias para envio em correio registado para Portugal.

UM SENHOR PULGA

O senhor pulga saiu de casa de manhã conduzindo a sua modesta viatura. Todavia, um coleccionador de modestas viaturas apaixonou-se pala mesma e o senhor Pulga vendeu-a. Com o valor recebido, comprou um grande Porshe e montou uma fábrica de pulgas miniaturas. A fábrica foi um sucesso, mas um dia o coleccionador voltou para lhe comprar também a fábrica.>> História inspirada no modelo Pulga, um carro fabricado em lata em Portugal entre a década de 50 e 70, sensivelmente. 10 memórias, com 3 euros de portes de envio para todo o país.

VAMOS A PRAIA

E pescamos sardinhas? Com este balde, o isco já vem na embalagem. Extraordinariamente bonito, corresponde à época de ouro do brinquedo português - os anos de 1940 e 1950 - quando curiosamente os materiais eram mais escassos. Na falta de folha para fabrico dos artigos, reciclou-se os restos da indústria conserveira. Por isso, o balde tem no interior rótulos de embalagens de peixe. É um produto português, com certeza. Custa 30 memórias.

PAI NATAL A PORTUGUESA

Os portugueses têm, apesar de tudo, a característica de conseguirem inventar coisas "impossíveis" e sem nenhum objectivo aparente, apenas "porque". É o caso deste Pai Natal que funciona também como jogo do rapa. O Pai Natal tem uma pequena "pega" em cima que permite que, ao ser girado, faça rodar as hélices que se encontram na parte de cima. As hélices têm gravadas as iniciais do jogo do rapa - R (rapa), T (tira), P (põe) e D (dá). este modelo é muito antigo, talvez dos anos 50 ou 60. Na altura era só o Pai natal simples, mas houve alguém que se lembrou do "e se", nascendo assim este curioso objecto. 20 memórias para um Natal original.

VERSAO DESCAPOTAVEL

Brinquedo muito curioso em folha de flandres, também do grande Porto. Trata-se de um carro desportivo, mas em que o condutor é preto. Desconheço a razão exacta, mas partindo do princípio de que se trata de um brinquedo dos anos 50, a televisão era o acontecimento da altura. E a televisão mostrava os grandes filmes, as sagas dos cowboys, no oeste, bem como as quintas, onde infalivelmente havia um empregado que conduzia o carro ou a charrete e que era preto. Este brinquedo de algum modo mistura o imaginário de duas épocas - americanos + conquista oeste/índios/pretos e automóvel/propriedade/prosperidade/progresso/desenvolvimento/industrialização. Será? 15 memórias.

CANTAR DE GALO

Corneta em folha de flandres, fabricada no grande Porto, sensivelmente de 1950 a 1970. Chama-se "corneta de prato", porque a base é um prato. Havia outro modelo semelhante, mas com um galo na ponta, chamada "corneta de galo". Ainda funciona e está como nova. As cores são muito bonitas, lembram as festas e romarias - alegres, coloridas e simples. Pobres e ricas. Apita o "recuerdo". 10 memórias.

VRUM VRUM

Um modelito igual àqueles que se faziam nos anos 50 ou 60. Originário do grande Porto, desconheço a origem do brinquedo, mas suponho tratar-se de uma memória colectiva. Na época, as vespas deviam ser um marco da sociedade, reproduzindo-se em vários suportes. Eram um ícone, semelhante à Barbie, Macintosh ou Coca-cola. Uma marca que vale por si própria. As pessoas até pagam para as ter, em vez de serem elas a pagar para se difundirem. Coisa de estrelas. 30 memórias.

RISQUE O QUE NAO INTERESSA

A Viarco é das únicas marcas antigas, principalmente de materiais didáticos, que ainda não desapareceu. As restantes, como a Molin, por exemplo, têm vindo a fechar, apagando as nossas memórias. A Viarco mantém-se, mas estes lápis são dos anos 1970. Um tem um alfabeto e o outro uma tabuada. O caderno liso, e num papel fino por dentro (bom para desenhar), também é dessa época. É da marca Figueirinhas, uma afamada casa portuense. 5 memórias.

TRADUTOR PRECISA-SE

"Serviço de traduções" de data desconhecida. Será dos anos 70?! Parece. Muito sugestivos, basta deixar correr a pena. Usavam-se para estudar línguas estrangeiras. As folhas são pautadas no interior e divididas ao meio. De um lado o termo original, do outro respectivo significado. What's the meaning? Na linguagem dos significados, 2 caderninhos = 5 memórias.

ALINHAVA-ME

Um modelito original dos anos 40 ou 50. No tempo em que as costureirinhas eram a profissão de toda a moça. Cozer e coser eram atributos indispensáveis a uma futura dona de casa. As meninas não escolhiam, eram escolhidas, por isso tinham de possuir todos os atributos indispensáveis. Saber ler ou escrever não era "muito importante", quando comparado com a habilidade para tachos, tecidos e agulhas. Por isso, as meninas eram educadas de pequenas a desejarem o que deveriam ser quando fossem grandes: costureirinhas, de trazer por causa ou não. As marcas davam os primeiros passos. Por isso, a menina crescia também com o imaginário da Singer, o modelito mais desejável. 20 memórias.

ROTULA-ME

Rótulos da Perfumaria David's em Lisboa. Cheira-me a Arte Déco, mas será que ainda tenho memória? Bonitos, frágeis e pueris. Tão delicados, que até o lápis teria medo do papel. 5 memórias. Sem cheiro.